Auto-réplica

maio 26, 2009 - 2 Respostas

ou (des)Amor Idiossincrático: uma análise do caráter inexoravelmente líqüido do dinamismo emociorelacionamental zaratustriano atual.

Just kiddin’. Hahahahaha O segundo título é pra você, Thommy.=P

A companhia (mais que gostosa) de três amigos nesse domingo, largados num hotel falando merda e profundidades, talvez tenha me trazido, sem querer, reflexões muito mais bem vindas do que eu imaginei. Muitas, e creio que tenha rendido material o suficiente pra diversos posts que ainda virão. Mas uma, em especial, que conversa com o questionamento do último post:

Minha querida Nay, comentando o post anterior, falou sobre a individualização das “fórmulas” da felicidade… Por mais que a marginalidade social intrínseca à nossa natureza (fica para um próximo post) nos dê a liberdade de não ser vítima das prisões sociais, acho que a culpa dessa fuga, resquício de uma criação tradicional, por vezes ainda nos assalte. Quanto das crises existenciais e dos dilemas pelos quais passamos não são, no final das contas, parte culpa dessa culpa?

Hoje percebo que amadurecer não é necessariamente conseguir corresponder às expectativas sociais… De repente, amadurecer é só perceber que não é preciso. Perceber que algumas fórmulas simplesmente não funcionam pra nós – mais: que, de repente, a gente nem precisa de fato encontrar a nossa. Que é o tentar que dá cor às coisas, não o encontrar em si. Encontrar é detalhe, é conseqüência até desnecessária.

Vi que de fato não vou viver uma relação a dois, “straigh-shaped”, tão cedo e que não é porque não estou pronto ou não sou apto… É simplesmente porque não preciso, não me faz falta. Porque não quero. Já vivo um amor – um não, vários! A única diferença é que não fazemos sexo e os chamo de amigos, mas me suprem o afetivo da mesma forma. Até mais. E o sexo… bom, vivemos em São Paulo, né?

Não que eu não vá viver paixões, de forma alguma. Provavelmente muitas ainda, aliás. Mas paixões são assim mesmo: passageiras. Paixões passam e, quando o fazem, trazem o peso da exclusividade. Não só sexual, mas uma mais densa: a afetiva. E essa, sinto muito, não posso suprir.

Sou polígamo. Afetivamente polígamo. E disso não abro mão.

Sarcasmos

maio 20, 2009 - 3 Respostas

O mundo é sarcástico comigo. Bom, esperado, já que ele é meu e coelhos só parem coelhos. Mas vez ou outra esse sarcasmo ainda me pega desprevinido.

Hoje foi a vez da TV me provocar. Depois de um longo episódio de House e todos os seus “pessoas não mudam”, “somos o que somos” e “talvez, se Mozart fosse um pouco mais normal e resolvesse brincar de pega-pega, não tivéssemos A Flauta Mágica”, uma voz à Cid Moreira anuncia o filme da seqüência: Alfie, o Sedutor. Touché. Não quero ver. Curioso: é um filme que sempre me despertou certa atenção e interesse e que inclusive, acidentalmente, cheguei a petiscar uma cena ou outra, mas que por algum motivo nunca dei conta de comer inteiro. Talvez seja meu subconsciente gritando: PERIGO!

Acho que não quero saber como acaba…

Face it: quais são minhas opções? Consegui, nos últimos meses, assumir muita coisa minha para mim: não tenho vontade de casar, morro de medo de ficar sozinho, gosto de sexo com carinho tanto quanto gosto de sexo casual e, pra que me enganar?, não sou dado a longos relacionamentos. Mas, no fim, isso não foi o fim. Essa última epifania me levou a outros questionamentos tão pertubadores quanto – senão mais! Será minha vida eternamente levada na corda de um iôiô ou estarei eu fadado, inevitavelmente, à imoralidade?

Para entender, vamos acompanhar o padrão: estágio um – solteiro. Um homem da noite e da agitação, vida social intensa, atividade sexual em dia, produção artística vasta e longas noite em casa, oprimido pela carência. Ah, sim, o velho medo da solidão – que só não supera o medo de estar com alguém que não me esteja à altura. Até que aparece um cara que, seja pela carência alta ou por realmente valer a pena, me parece se encaixar em meu mundo – ou, se não, que ao menos desencadeia todos aqueles processos químicos da paixão. Seguimos para…

Estágio dois: acompanhado. Vida social mais moderada, programas caseiros apresentando freqüente acentuação da vida diurna, produção artística previsível, insossa e comercial e um estágio temporário de torpor e alegria, que logo é substituído pela angústia da liberdade cerceada e pela saudade do estágio um.

Vêem? Claro que ninguém, ao meu ver, é capaz de se bastar por completo… Mas eu supro sozinho boa parte. Não o suficiente pra evitar a carência e a vontade de ter alguém “to call my own” e que me esquente as noites frias ao som de Ani DiFranco, mas o suficiente para que eu não estruture minha vida em cima de uma relação ou de alguém – ou mais: o bastante para a vida a dois não ser, para mim, o bastante.

Resta o quê? A infedelidade? De fato, a possibilidade de ter ambos os estágios, um e dois, simultâneos, soa como uma solução assaz balsamizadora. Desde, claro, que eu não faça questão dos meu princípios. Relacionamento aberto? Bah, ainda sou humano. O quê, então?

Aberto a sugestões.